Hoje eu gostaria de compartilhar algo que me ajudou muito no decorrer dessa jornada através das medicinas da floresta e outras técnicas que me permitiram descobrir O Ser o que Eu Sou.
Pensar e buscar parece ser uma condição humana que nos acompanha desde o nascimento. Nascemos desejando, querendo e isso tem nos guiado durante todos os dias de nossas vidas. Porém esse anseio tem guiado nossa experiência humana. Ao começar a desenvolver o meu processo evolutivo espiritual, que se manifestou inicialmente através do querer, ou melhor dizendo do não querer, pois chegou um momento em minha vida humana que pensei "não quero mais ser assim" e então o processo de evolução espiritual se manifestou.
A partir desse momento eu descobri que meus avanços, se assim podemos chamar, se deram através do não querer.
Somente quando eu estava distraído, vazio, não pensando, é que algo novo surgia. Em resumo, somente quando me permiti, é que o fluxo pode ser percebido em minha vida. E estar no fluxo é algo que é inconcebível para o Eu Humano que sempre conseguiu as coisas através do querer - que inclusive imortalizou a frase "querer é poder" - e planejar as coisas almejando um futuro baseado nas experiências do passado.
A jornada espiritual é exatamente o oposto disso, um estado de não querer. E apenas estar no fluxo. O fluxo muitas vezes foi confundido por mim, como estar em um ambiente interior onde nada acontece, um local de silêncio, paz, tranquilidade e não desejar nada. Até eu perceber que o fluxo é isso, e também muito mais.
Uma metáfora me ajudou a compreender melhor: imagine um surfista que aguarda a próxima onda chegar. Ele não sabe quando ela virá, tem uma ideia disso mas não sabe, apenas aguarda. O mar está tranquilo, o sol brilha naquele lugar, o silêncio reina nesse espaço, e ele pacientemente aguarda.
O surfista está no fluxo, mas quando a próxima onda vier, ele será conduzido para um novo espaço... e ela vem. Gigante, enorme e imponente, trazendo com ela diversas emoções, ansiedade, expectativa, medo de cair, tensão extrema, tão grande que cobre o sol, ele esta lá preparado e... leva um tremendo caldo. E com esse caldo vem toda a sensação de desconforto, água por todo lado, água em cima, água em baixo, água dentro, água fora, água agitando e revirando ele todo, e passa o pensamento pela cabeça "oh meu Deus será que eu morrer". Mas ele se lembra que está no fluxo, a onda está ali, ele está passando por ela num turbulência total, mas o fluxo ainda está ali, e ele para por um momento, se observa e sabe que vai passar. Ele está no maior desconforto possível, mas está tranquilo internamente mesmo observando seu corpo todo sendo revirado, a onda vai passar pois ele então assume uma postura de confiança como surfista experiente que é. E quantos caldos um surfista leva para conseguir o que ele chama de "onda perfeita"? Bem, presumo que vários, e mesmo depois de muita experiência ele ainda cai da prancha, mas ele está tranquilo com isso, esse é o fluxo, ele confia que outra onda virá.
E a onda perfeita vem, e ele desliza fluidamente junto com ela, e somente existe aquele momento de perfeição da prancha deslizando sob a onda, ele é um com a prancha, ele é um com a onda, ele é um com o sol que ilumina e permite aquela maravilhosa visão.
E esse é o fluxo. Por vezes enfrentamos desconfortos e vem o desejo de não estar ali, pois o eu humano aprendeu que o conforto é bom. Mas todo desconforto passa, assim como toda onda perfeita passa. Nós ficamos somente com a memória e a emoção do que passou, pois agora estamos no fluxo. E o mar pode estar tranquilo agora, ou estarmos no meio de um caldo, mas estamos no fluxo, e Eu Sou aquele que observa o fluxo, e por isso estou tranquilo. Eu Sou aquele que permite o fluxo, e confio, pois ele vai passar, e eu me permito surfar nesse fluxo do AGORA.
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